quinta-feira, abril 27, 2006

Falta de hábito

- Estás apaixonada?
- Sim, acho que estou...
- Achas?
- Bem, estão a ser os melhores 15 dias da minha vida, portanto devo estar...
- E porquê esse susto todo, mulher?
- Porque está tudo a acontecer depressa demais e não consigo tirar o pé do travão.
- Esquece lá o travão e faz mas é ponto de embraiagem. Não te arrisqueas a perder nada, um segundo que seja!
- Eu sei, eu sei, só não estou habituada a que me peçam em casamento assim, em duas semanas. Deve ser falta de hábito...

quarta-feira, abril 19, 2006

Sugestão de leitura


As Quatro Vidas do Salgueiro
Shan Sa
Casa das Letras

"A paixão é um jogo, o amor é um milagre raro"
Uma história de amor à volta de um salgueiro chorão que, na China, simboliza a morte e o renascimento.
E uma proveitosa incursão pela literatura chinesa moderna, fora dos circuitos dos top das livrarias. Gostei.

segunda-feira, abril 17, 2006

Seis meses

Voltei lá seis meses depois. Voltámos. E o poeta enganou-se quando disse "nunca voltes ao lugar onde já foste feliz". Enganou-se redondamente. Porque os lugares falam, mas somos nós, as pessoas, que fazemos a história. Os lugares são símbolos, vestígios, lembranças, mas nós fazemos o resto, o mais importante. Às vezes contam-nos segredos, abrem sorrisos, alimentam gestos, mas nós temos nas mãos o poder de dizer sim. Voltei lá, seis meses depois, e senti-me ainda mais feliz. Porque agora sei que valeu a pena. Que fiz bem em esconder os medos na gaveta mais funda do cérebro e em ter mergulhado de cabeça. Foi no último dia de praia do ano.

terça-feira, abril 11, 2006

Uma questão de pêlos

Há coisas difíceis. Dias complicados. Por exemplo, acordar e descobrir que estamos cheias de pêlos nas pernas, que não conseguimos marcar hora na depiladora, que a maquineta que nos deixa cheias de pêlos encravados também encravou e que está um magnífico dia de sol lá fora, mas não podemos usar a sais nova acabadinha de comprar na Zara. São dias difíceis. Momentos terríveis na vida de qualquer mulher e que nenhum homem alguma vez conseguirá entender.

Desde logo porque, pasme-se, há muitos que nem reparam nas irritantes florestas que insistem em nascer nas nossas pernas. Tema recorrente? Talvez. Porém, agora que se aproxima o Verão – e depois de eu própria ter passado momentos angustiantes a olhar para o roupeiro e sem nada de jeito para vestir a não ser AQUELA saia – resolvi fazer um levantamento estatístico. Tendo em conta as respostas dos quatro inquiridos, verifica-se que, de facto, eles não ligam muito à coisa. Só chateia se apetece passar as mãos e as pernas arranham um bocado, explica um. Na maioria das vezes, é apenas uma pequena penugem, macia e agradável, afirma outro (este tem namorada nova, o que é sempre um pormenor importante). E mais: é um dado assumido que a esmagadora maioria de nós gosta de beijar zonas com bastante mais pêlo, reconhecem todos.

Se estes resultados provavelmente não surpreendem muito – toda a gente sabe que os gajos são pouco dados a pormenores – já a última conclusão retirada do meu levantamento estatístico é bastante mais surpreendente: 50% dos inquiridos afirma gostar... de pêlos debaixo dos braços. Mesmo no Verão. É sexy, dizem. E nada os demove, nem mesmo a alusão àqueles dias mais quente em que só apetece arejar os sovacos. Por outro lado, a depilação brasileira, que agora anda por aí na moda, não os seduz, porque fica sempre a faltar qualquer coisa.

Nesta parte achei que não valia a pena entrar em mais detalhes...

quinta-feira, abril 06, 2006

História

A história de Portugal, como a do mundo, está cheia de buracos negros. Crateras gigantescas, como esta, quando num dia, numa primavera com cinco séculos, os homens enlouqueceram ou, simplesmente, deixaram em liberdade uma loucura reprimida capaz das melhores coisas e das mais terríveis atrocidades. E não se justifique a história com teorias pobres sobre evolução sociológica ou momentos culturais, porque histórias como esta continuam, todos os dias, a bater-nos à porta de cada vez que vemos o telejornal. Histórias como esta, do "Massacre de Lisboa", continuam a acontecer todos os dias, diante dos nossos olhos insensiveis ou simplesmente envergonhados.

A História está aqui: "Vai fazer exactamente 500 anos, nos dias 19, 20 e 21 de Abril, que um cataclismo se abateu sobre Lisboa. A alma da Capital do Império sofreu um abalo tão grande – senão mesmo maior – quanto aquele que a haveria de destruir em 1755. Durante três dias, em nome de um fanatismo sanguinário, mais de 4 mil pessoas perderam a vida numa matança sem precedentes em Portugal (...)."

Eu aceito o desafio do Nuno Guerreiro: "que no dia 19 de Abril vão à Baixa de Lisboa e no Rossio acendam uma vela simbólica por cada uma das vítimas. Quatro mil velas que iluminem a memória."

Porque, lamentavelmente, a memória de há cinco séculos continua a repetir-se todos os dias, sem escolher credos, religiões ou cores da pele.

quarta-feira, abril 05, 2006

Inevitabilidade

Aquele friozinho na barriga que me faz sempre achar que quando quero muito uma coisa ela não acontece...

terça-feira, abril 04, 2006

É este

segunda-feira, abril 03, 2006

Novamente os ex

O restaurante que serve as melhores pizzas de Lisboa faz lembrar a cantina velha da clássica, com mesas corridas e desconhecidos sentados ao lado uns dos outros, a ouvir as conversas uns dos outros, a lançar uns aos outros olhares de esguelha porque um cotovelo escorrega para a esquerda ou o fumo do cigarro do lado insiste em cair para a direita.

E, depois, há dias em que escorrega mesmo tudo. Quando, por exemplo, decidimos lá levar o namorado novo e o empregado resolve instalar-nos... ao lado do namorado antigo. Aquele com quem não falamos há anos, está mais magro, mais careca, e deixou crescer a barba. Tanto que só damos por ele quando já estamos sentadas e a única mesa que resta é lá fora, na esplanada, onde estão menos de dez graus de temperatura.

Primeiro dilema: ignoramos a personagem ou cumprimentamos animadamente? Ignoramos, claro. Ele faz o mesmo. Afinal, também tem à frente a nova namorada, uma super-tia girissima, de madeixas loiras e elegante bronze-solário que há uns anos não seria nada o género dele, mas enfim, toda a gente tem direito a mudar de opinião.

Segundo dilema: contamos ao namorado actual quem é o caramelo que está ao lado dele, ou ficamos caladinhas e enfiamos o nariz na ementa? Nem uma coisa nem outra. Afinal, a melhor pizza é a calzone e já está escolhida desde o início, mais o chá gelado com canela. E não vale a pena estragar o jantar a ninguém com relatos de velhas histórias que já não interessam para nada.

Receita: Manter o melhor sorriso, o ar de felicidade e olhar directamente para o ex como se ele não estivesse ali, como se fosse mesmo um ilustre desconhecido.

Conclusão: Por muita importância que lhes tenhamos dado durante um determinado período das nossas vidas, os ex têm todas as condições para se tornar literalmente invisíveis. Dá vontade de rir, não dá?

domingo, abril 02, 2006

Estou quase afónica

Ontem, hoje e amanhã, sempre. Porque me lembra as viagens de carro para a praia no velhinho renault 5, os bailes de verão onde eu nunca tinha coragem de dançar, a minha mãe a estender roupa, o monte e, muito mais recentemente, noites de carro pela via rápida da costa a cantar a plenos pulmões a cabana junto à praia.
Foi noite grande no Maxime com o grande Cid ao vivo e a solo e uma assitência de várias idades que sabia de cor todas as letras. A começar pelo mano, que tem as mesmas lembranças que eu.


(cartaz roubado no Lista de Compras)