segunda-feira, março 21, 2005

Djavan



Amanhã
Outro dia
Lua sai
Ventania abraça
Uma nuvem que passa no ar
Beija
Brinca
E deixa passar
E no ar
De outro dia
Meu olhar


(in: Lilás - Djavan)


Excelente concerto, excelente forma de terminar o fim-de-semana.
E daqui a quatro dias estou de férias!!!

terça-feira, março 15, 2005

Conversa entre amigo(a)s

Ela - Não se percebe: os gajos bons que não estão devidamente acasalados, ou são gays ou são uns falhados!!... E topam-se à légua. Depois ainda há alguns que disfarçam um bocado, mas mais cedo ou mais tarde temos uma bela surpresa e descobrimos que são fixados na figura da mãe.
Ele - Eu tenho outro problema: são heteros, gays falhados e gays fixados na mãe (ou no pai, o que ainda é mais grave). Estás a ver? tudo depende da perspectiva...

segunda-feira, março 14, 2005

A duas vozes

ELA

Pânico, pânico!!! A balança do ginásio não mente: dois quilos a mais! Eu que não punha lá os pés há que tempos (no ginásio, entenda-se), quase desmaiei de susto. Dois quilos são uma enormidade. E nem sequer estão espalhados por todo o lado, nada disso. Instalaram-se precisamente onde não deviam e já estou a ver que o belo do biquini que veio do Brasil, ou mais exactamente os dez exemplares que comprei em Fortaleza, não me vão servir. Bem, terei de renovar o stock, o que até nem é mau de todo... Mas há mais: as calças caqui que eu adorava, a mini-saia de ganga que agora vai começar a subir, empurrada pela força anti-gravidade da celulite, o vestido da Lanidor que comprei no início da estação quando achava que ainda usava o 34... Pânico, pânico, pânico!! Está decidido: vou manter-me longe da maldita balança até conseguir recuperar tudinho. Ou perder, aliás. A porra da celulite está a dar-me a volta à cabeça. Claro que comecei imediatamente a fazer dieta e já bani todos os chocolates, bolachas, biscoitos e afins dos armários lá de casa. Também proibi a minha mãe de me enviar aquela tarte de amêndoa maravilhosa e avisei o Pedro que se tiver o azar de trazer do supermercado alguma coisa que não encaixe na minha dieta temos o caldo entornado. Até porque para ele também é bom. Acabam-se as alheiras de Mirandela que a sogra faz o favor de mandar aos fins-de-semana, acaba-se com a mania do cozido à portuguesa (coisa mais demodée, mas ele insiste...), acaba-se com as sobremesas do Lidl, que ele compra às dezenas de cada vez. E não se queixe, que lá por não ter celulite, tem colesterol. E toneladas dele, a ter em conta as porcarias que passa a vida a comer. Estou stressada, o que é que querem? Dois quilos são uma infinidade de quilos, vem aí o Verão, e uma mulher tem uma imagem a defender, não é?

ELE

Não há paciência. Já não aguento ouvir falar em dietas. Já não aguento jantar uma sopa de legumes e uma peça de fruta. Já não aguento ouvir falar na celulite que a Xana diz que tem e que eu não vejo em lado nenhum. Nem em colesterol, que ela insiste que eu tenho para me impingir aquela comida sem graça nenhuma. Tive de esconder o pudim de ovos e a mousse de chocolate do Lidl na última prateleira do frigorífico, atrás das alfaces e das cenoras e ontem cheguei ao cúmulo de acordar às três da manhã tão esfomeado que fui para a cozinha e comi um queijo da serra inteirinho. O último sobrevivente, porque até as alheiras de Mirandela da mamã estão proíbidas. Já lhe disse que financiava um guarda-roupa novo, mas ela nem quis ouvir falar nisso, porque é muito independente e não precisa do meu cartão de crédito para nada e só quer mesmo é perder os dois quilos que engordou. Dois miseráveis quilos, que não se notam em lado nenhum. Sim, porque já me obrigou a olhar para o seu rabo com uma lupa. Achei que aquilo podia ser uma interessante modalidade das preliminares de que as mulheres andam sempre a falar, mas afinal não era mesmo nada. Acabou com ela a dizer que sou um insensível, que não conheço o corpo dela e outras barbaridades do género. Uma noite desastrosa, com ela a virar-me as costas antes de dormir. Precisamente a acusação que passa a vida a fazer-me, vá lá entender-se as mulheres...

domingo, março 13, 2005

Casados mas pouco

Reportagem no primeiro canal da RTP: Há cada vez mais casais que vivem em união de facto, mas permanecendo cada um na sua casa. Têm entre 30 e 40 anos e de um modo geral já passaram por um divórcio e não estão para se meter noutra. Esta última parte a pivôt não diz, mas subentende-se.

A seguir, entra em cena um dos tais casais: ela loira e claramente cliente da Loja das Meias, chega a casa dele ao volante de um mercedes último modelo. Ele, todo Emporio Armani e ar de palerma, recebe-a de braços abertos. Beijam-se apaixonadamente e entram em casa, onde os espera um jantar à luz de velas. Os filhos, que os pais tratam por você, naturalmente, saem e vão ter com os amigos, para deixarem sózinhos o casal em união de facto.

Lindo, não é? E agora as perguntas:

Onde foi a RTP arranjar as estatísticas que lhe permitem afirmar que "cada vez mais casais, bla, bla, bla"?

Por que raio é que um casal de tontos obviamente cheios de dinheiro e que devem achar imensa graça a expor a sua vida na TV há-de servir de exemplo numa história sobre "casais portugueses"? Estão a ver o típico português a investir em duas casas num condomínio de luxo só para não discutir com a mulher onde é que cada um deve apertar a escova de dentes, não estão?

Palpita-me que muitas mulheres portuguesas haviam de achar graça a esta modalidade de união de facto, mas essas, que há anos sofrem maus tratos conjugais e não têm dinheiro para criar os filhos sózinhas, não se enquadram no grupinho que a RTP apresentou nesta sua reportagem.

E, o mais engraçado, é que chamam a isto informação e serviço público...

(P.S: Ainda a RTP: Alguém devia dizer à Ana Sousa Dias que está a fazer um perfeito papel de tonta como apresentadora do novo programa do Marcelo. O professor não precisa dela para nada, porque faz as perguntas e dá as respostas sózinho, e a Ana é demasiado boa jornalista para se perder ali.)

sábado, março 12, 2005

Ai, ai

porque é que o meu blog desapareceu????

terça-feira, março 08, 2005

Paris de France

Zero graus de temperatura máxima.
A torre Eiffel a espreitar seja onde for que estejamos.
O Sena cinzento à espera da neve.
O Musée d'Orsay cheio de gente e com uma fila impraticável.
Jantar no Café Marly com as luzes da pirâmide do Louvre do lado de lá da janela.
Copos no Buddha Bar.
Franceses mal educados e rabujentos como sempre.
Dois euros por um café horrível.
A Place Vandôme cheia de lojas fantásticas.
A montra do Fauchon com chocolates inimagináveis.
Muitos japoneses a tirar fotografias.
As antiguidades e as imitações de grandes marcas no Marché aux Pusses.
Horas e horas a andar quilómetros por avenidas que nunca mais terminam.
O último CD dos Pink Martini, que ainda não chegou a Portugal.
Um fim-de-semana que soube a pouco.



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sexta-feira, março 04, 2005

Pequenos grandes prazeres

Em Paris está a nevar.
Bom fim-de-semana para todos.

terça-feira, março 01, 2005

Medicina tradicional

Querida t&v:

Esta vida não é fácil. Ai não é não. Ando a ver se engravido pela segunda vez, porque não quero ter uma criança mimada e a achar que é o centro do universo. Se bem que o Luisito já pensa exactamente assim, infernizando-me a vida de cada vez que eu quero ver a novela e ele só lhe apetece o canal Panda, mas adiante, que desta vez não te estou a escrever para te falar do pimpolho. Bom, esta vida não é fácil, dizia eu. Com a febre de tentar engravidar, ando a tomar uma hormonas que me deixam com os humores virados do avesso, ora a berrar com toda a gente, ora a choramingar pelos cantos, ora feliz que nem uma borboleta apesar do frio de rachar e dos comentários da minha sogra, sempre a resmungar que o seu filho bem podia arranjar coisa melhor, que basta olhar para as camisas enrugadas que o pobre exibe no escritório e para o puré de batata que eu faço, maldita receita que não atino com ela. Claro que não há pachorra para a sogra, mas admito que também não tenho andado flor que se cheire.

O pobre do Tony já não sabe o que me há-de fazer e é sabido o resultado que têm nos homens estas nossas crises existenciais, que os deixam assim como quando resolvem tomar um banho de piscina numa noite de inverno. Estás a ver, não é? Neste caso, ao meu amorzinho deu-lhe para achar que não tinha de ser só eu a fazer sacrifícios e foi à ervanária da esquina, tão envergonhado como se lhe tivesse pedido para me ir comprar tampões, e chegou-me a casa com uma embalagem de chá de pau de cabinda.

Suponho que o ataque de riso que eu tive e que durou umas três horas não terá ajudado muito, mas o meu queridinho manteve-se imperturbável e tratou de ingerir uma cafeteira inteirinha da mistela. Bom, já deves estar a imaginar o resultado. Descobrimos que a medicina tradicional não falha e que a coisa funciona mesmo, mas a dose foi um bocadinho de mais e, vai daí, ao fim de cinco minutos já se notavam os resultados. Não, querida amiga, não penses que tivemos uma noite de loucura. Nada disso. O homem não dormiu um segundo que fosse, cheio de calores, suores frios, e um volume permanente já se está bem a ver onde, que não serviu absolutamente para nada porque fui incapaz de parar de rir e o Luisito deu-lhe para as insónias e não parava de perguntar ao papá o que lhe tinha acontecido.

Hoje sugeri-lhe que voltasse a fazer o chazinho e que, em vez de uma cafeteira inteira bebesse apenas uma chávena, mas, vá-se lá saber porquê, a sugestão não foi muito bem recebida. Suponho que o facto de me ter dado novo ataque de riso não terá ajudado muito, mas acho que já é exagero ele recusar-se a dirigir-me a palavra enquanto, sublinhou, eu não lhe apresentar um pedido de desculpas formal e sem um único sorriso. Tenho andado a ensaiar, mas a coisa não está nada fácil...

Obrigada, querida, por mais uma vez escutares os meus desabafos.