terça-feira, junho 27, 2006

Mudança de casa

# 2

Objectivo:
Remodelar as casas de banho. Escolher a sanita, o lavatório, o armário, os sifões, as válvulas e mais toda uma catrefada de parafusos que custam balurdios e me deixam com a cabeça às voltas, que isto de escolher não é tão fácil como parece, sobretudo quando o orçamento não é exactamente o que teríamos se os números do totoloto tivesse sido aqueles e não outros.

O vendedor, ar de quem-anda-há-muito-anos-naquilo, olha-nos de sorrisinho no canto da boca, e tenta impingir-nos o que de melhor há no mercado, porque o vidro é melhor do que o acrílico, e a cerâmica não risca, mas o aço ainda é melhor, e a base do chuveiro tem de ter antiderrapante que os tapetes de borracha já saíram de moda e afinal não há nada que mais valorize uma casa do que uma retrete moderna e vistosa.

Chegamos a casa com vários quilos de catálogos e listas de preços e já decididos a manter as casas de banho anos oitenta que afinal são girissimas e o bolor sai lindamente com aqueles produtos maravilha que anunciam na televisão.

Estado:
Os catálogos estão arrumados em pilha, juntamente com os últimos exemplares do Expresso e das revistas do El País e do Público que me recuso a deitar para o lixo. Ao lado, no sofá, há um ser esparramado, que insiste em ver pela vigésima ver os golos do dia e se queixa com regularidade de que "devia ter tirado umas folgas, para ver os jogos do Mundial". As casas de banho novas vão ter de esperar.

(Conselho importante às leitoras: Nunca comprar casa no mês do campeonato mundial de futebol!)

domingo, junho 18, 2006

Caixa de lembranças

Há dez anos que o comprei, num shopping brasileiro. Acho que foi no Rio, ou talvez em são Paulo, não me lembro bem. Foi numa daquelas viagens de trabalho em que surgiu, de repente, um jantar mais formal que me deixou em pânico porque só tinha havaianas e mini-saias. Lembro-me que entrei na primeira loja e comprei o primeiro vestido, de voile azul escuro, com duas pequenas barras de veludo. Estilo império, a cair a partir do peito. Haveria depois de me servir para vários casamentos e baptizados, até que ficou esquecido no armário, porque o voile saiu de moda e o estilo império desapareceu das páginas das revistas. Hoje voltei a usá-lo. Não é um dia especial sequer, nem um dia de lembranças. Ou não era, até ter posto o vestido. Desencantei-o do fundo do roupeiro e as lembranças vieram, em catadupa, dez anos da minha vida que passaram a correr, me escorreram por entre os dedos e se foram. Estão quase todos ali, na minha caixa das lembranças. Cadernos cheios de notas, com bilhetes de cinema, talões de avião, flores secas, frases escritas em guardanapos de papel, projectos de livros que nunca existirão, fotografias escondidas entre as páginas. Vários amores pelo meio. Nomes que só com muito esforço voltam a ter rosto. Paixões gigantescas que se esfumaram em poucos dias, outras que duraram anos. Uma que me deixou de rastos e me fez gastar fortunas em telefonemas, outra que me fez sair de casa na noite em que se abateu sobre Lisboa o maior temporal de que há memória, para chegar a um prédio onde a porta nunca se abriu. Fazemos tantas loucuras por amores que, só mais tarde o sabemos, mas nunca o foram nem nunca o serão.

Dez anos, um vestido, uma caixa cheia de lembranças, um domingo em paz. E um amor. Sem medos, sem sustos, sem discussões, com muitos projectos e sonhos. Vou usar o vestido e voltar a fechar a caixa das recordações, que vale por tudo o que aprendi, mas que também me mostra que é o futuro que conta.

E o futuro está aí. Amanhã uma assinatura abre mais uma etapa.

terça-feira, junho 06, 2006

Mudança de casa

# 1

Objectivo:
Deitar para o lixo a colecção de cartões de promoções a filmes, lançamentos de livros e exposições.

Estado:
Feito, mas com muita dor.

sexta-feira, junho 02, 2006

Não sei se já sabem...

... mas o Daniel Oliveira, fundador do Barnabé, está de volta, desta vez a solo e com o novíssimo Arrastão. E já cá anda desde há um bom par de dias,tão certeiro na escrita como dantes. A não perder, pois claro!

Já que estamos a falar de blogs, cá vai outro: Escola de de Lavores. Ao que consta é escrito por jornalistas (malta estranha, muito estranha...) que, dizem elas, "cosem outros retalhos das notícias, num tricô de peças avulsas ou bordando a polémica, do novelo até à manta". Vamos lá ver como é que elas pintam a manta...