domingo, janeiro 30, 2005
quinta-feira, janeiro 27, 2005
Morrer de amores
domingo, janeiro 23, 2005
Sugestão de leitura
Cada vez gosto mais desta editora. A Cavalo de Ferro tem publicado ultimamente pequenas pérolas. Foi por ela que conheci Juan Rulfo e o seu "Pedro Páramo", ou as "Pequenas Grandes Infâmias", do grego Panos Karnezis. A última descoberta foi este "Solo Siciliano", que me levou um belo par de horas deste fim de semana. Hoje à tarde, mergulhada no sofá, munida do belo do aquecedor e dois meus dois gatos favoritos, viajei com Giovanni Chiara até à Sicília, essa ilha italiana que, na paisagem e na dureza das gentes e dos costumes tanto me faz lembrar o meu Alentejo.
Acabei o livro, que tinha iniciado na sexta-feira numa viagem de Metro - as minhas viagens diárias duram exactamente sete minutos e estou tão habituada, que há poucos livros que me façam passar a estação. Este foi um deles.


sexta-feira, janeiro 21, 2005
Blog date
A ideia mantém-se, mas este mês de Janeiro, que parece nunca mais chegar ao fim, veio cheio de trabalho e ainda não tinha sido possível voltar a falar nisso. Hoje o post é de balanço:
Pré-inscrições
SOFIA (qual é o teu blog, Sofia?)
BEKX (e-jectamos
LENIA (o outro lado da lua ?)
MARGARIDA (margarida atheling)
SANDRA (reflexosss)
PAPOILA e seu rebento (papoila procria)
IDEFIX (ideafix)
CIRANDA e sua Beatriz (ciranda cirandinha)
GRACINHA (cronica feminina)
MOI, MYSELF, naturalmente.
Há ainda um curioso a convencer, o ESTRANHO, do estranho numa terra estranha
Para além de convencer o Estranho e - porque não? - mais ilustres bloguistas, aceitam-se agora propostas para data e local. A nossa Ciranda tem aquele problema de ter de vir da Imbicta, mais a sua pequena, mas para isso se há-de arranjar solução, certo, Ciranda?
Digam coisas. Deixem comments ou mailem-nos, a mim ou à Gracinha, que também é uma das organizadeiras do grande evento.
segunda-feira, janeiro 17, 2005
(des)Encontros
O homem esperou. Nesse dia tudo mudaria. Beatriz viria vê-lo. Chegaria à tarde, no comboio a seguir ao almoço, e encontrar-se-íam ali. Ela traria na mão "A Mensagem", o mesmo livro que os levara a, pela primeira vez, trocarem números de telefone. Ele teria em cima da mesa "O Livro do Desassosego". Assim se reconheceriam, se por acaso não bastasse um olhar para se encontrarem.
Há anos que se correspondem. Ele guarda em casa centenas de cartas com uma letra miudinha. Ela há-de ter outras tantas que ele lhe enviou. Nunca marcaram um encontro, mas ela conhece-o como ninguém. Nos milhares de caracteres que lhe escreveu está a sua vida. Aquilo que é, mas, sobretudo, o que nunca foi, perdido na inércia de um emprego das nove às cinco numa escura repartição pública.
Nos seus sonhos Beatriz é a mulher por quem sempre esperou. A quem pôde contar tudo de si. Com ela já viajou pelo mundo, já visitou a escrita dos grandes poetas, já escutou as melhores árias de Mozart. Tudo nas palavras que enviaram um ao outro. Por isso, no dia anterior anunciou ao chefe que não voltará à repartição. Lisboa será apenas o início de uma grande viagem sem destino escolhido.
Só por Beatriz teve a coragem de se soltar e de querer viver. Por isso espera. E nem nota que o dia vai desaparecendo e que está sentado na esplanada há muitas horas. Não nota que o sol se põe, que a multidão faz o percurso inverso, a caminho do Metro e que os turistas já não se fazem fotografar ao lado da estátua. Também não ouve o empregado que arruma as cadeiras e que avisa que vai fechar. Espera, ainda.
A trezentos quilómetros de distância, Beatriz prepara o jantar para os filhos. O marido chegará a casa daí a pouco e, mais uma vez, sentar-se-á no sofá, a olhar para a televisão. Daí só sairá para ir dormir e ao todo não terão trocado mais de duas frase. Sabe que em Lisboa está um homem à sua espera segurando na mão "O Livro do Desassosego". Chora em silêncio por não ter tido coragem de viver.
quinta-feira, janeiro 13, 2005
Dias
terça-feira, janeiro 11, 2005
Luisa
quinta-feira, janeiro 06, 2005
A ouvir...
(Sim, é verdade, fiz anos e estou um bocadinho saudosista. Mas é uma saudade boa...)
segunda-feira, janeiro 03, 2005
Ando com vontade de...
Que vos parece a ideia?
sábado, janeiro 01, 2005
Receita de Ano Novo
Ano Novo cor de arco-íris,
ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação
com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido),
Para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas
do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo,
que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come,
se passeia, se ama, se compreende, se trabalha
Você não precisa beber champanha
ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro
as coisas mudem e seja tudo claridade,
recompensa, justiça entre os homens
e as nações, liberdade com cheiro
e gosto de pão matinal,
direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo,
eu sei que não é fácil, mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila
e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade