Jardim
As maravilhas foram as primeiras. Há uma que já abriu completamente, pétalas laranja a brilhar no branco da parede, no verde da relva. Há mais duas ou três à espera do sol, para se juntarem aos lírios e aos narcisos amarelos e perfumados. A hortencia, no meio do relvado, é uma pequena ilha em cor-de-rosa e a roseira lá vai, em direcção ao céu, os primeiros botões a despontarem. Ao lado da nabiça e das tomateiras-cereja, arrumadinhas no dois metros quadrados reservados à horta, onde já está a salsa, o mangericão, a hortelã pimenta, a hortelã da ribeira e a hortelã só hortelã, que deixam os gatos malucos com o cheiro, vá-se lá saber porquê. A videira que veio do Alentejo parece ter uma folha nova todos os dias e o marmeleiro, a árvore plantada pelo homem cá de casa parece decidida a ultrapassar o muro do vizinho, de tal maneira lá vai, ramos direitos, cheios de folhas, numa corrida contra o tempo.
Só as tulipas me andam a trocar as voltas, mas também elas crescem um bocadinho todos os dias. Agora têm companhia nova, acabada de chegar do Jardim Botânico da Ajuda: uma sempre noiva e um rododendro, compradas, mais uma erva de são roberto e uma torga, roubadas, que as flores não se pedem, levam-se, apesar do olhar de pânico do homem da casa, indignado com o assalto, não fosse algum botânico descobrir e obrigar-se a esvaziar os bolsos.
São vinte, talvez trinta metros quadrados, no coração da cidade, a dois passos de um outro jardim, muito maior, onde os lisboetas se esquecem de ir passear. São os meus metros quadrados, os meus hectares de terra na varanda, a minha pequena herdade onde tudo cresce, nem eu sei bem como e onde, de cada vez que lá vou, cresce também a minha paz.
Entrem. Estão todos convidados.
Só as tulipas me andam a trocar as voltas, mas também elas crescem um bocadinho todos os dias. Agora têm companhia nova, acabada de chegar do Jardim Botânico da Ajuda: uma sempre noiva e um rododendro, compradas, mais uma erva de são roberto e uma torga, roubadas, que as flores não se pedem, levam-se, apesar do olhar de pânico do homem da casa, indignado com o assalto, não fosse algum botânico descobrir e obrigar-se a esvaziar os bolsos.
São vinte, talvez trinta metros quadrados, no coração da cidade, a dois passos de um outro jardim, muito maior, onde os lisboetas se esquecem de ir passear. São os meus metros quadrados, os meus hectares de terra na varanda, a minha pequena herdade onde tudo cresce, nem eu sei bem como e onde, de cada vez que lá vou, cresce também a minha paz.
Entrem. Estão todos convidados.
8 Comments:
E uma fotos para nos roermos (ainda mais) de inveja?!
parece um paraíso! que mistura de sensações que o texto transmite: de cores e cheiros...devem ser deliciosos! beijocas, querida!
sim sim!!! estou mesmo a fazer-me convidada!!!
Já entrei pelas tuas letras! Os nomes das flores e plantas são outros dos daqui, mas flores são lindas em qualquer parte, tenham elas os nomes que tiverem! Aqui, deste lado do oceano, minhas flores principiam a murchar e as folhas amarelam. É nosso outono. Um dia ainda realizo o sonho de ter duas primaveras num ano!!
fico contente por teres voltado a escrever com mais frequencia..
gosto de vir aqui
bj
Um cantinho muito engraçado.
Li uns quantos posts. Muito bem escritos.
A vida não é fácil.
Espero que tudo corra bem.
Um cantinho muito engraçado.
Li uns quantos posts. Muito bem escritos.
A vida não é fácil.
Espero que tudo corra bem.
E com esta descrição, dá vontade de entrar, se dá;)
Beijinhos
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