Dilema
O Natal tem destas coisas. Ele são almoços, ele são jantares, mais as festas de comemoração da época, e depois dá nisto. Muito álcool, talvez. Ou se calhar é só aquela coisa de sair até tarde e de deixar a cara metade em casa, porque o jantar é só com o grupo da empresa. O que é certo é que lá acabámos a noite no Tóquio, com o pessoal todo descontraído à conta de imperiais e Whisky marado. E ele, sempre tão caladinho, sempre com ar de chefe-que-não-parte-um-prato, de repente começa a dançar que nem um doido, coladinho à mini-saia da secretária do director, todo mãos por todo o lado, indiferente aos sorrisinhos de toda a gente. Aos meus também, claro, que há coisas que a gente não consegue evitar. Mas o riso foi-se quando me lembrei que o tipo é namorado de uma das minhas melhores amigas, que no dia seguinte o jantar até era com ela e mais o grupinho que ainda resta dos tempos da faculdade, e que lá ia ter que ouvir como ele é maravilhoso e fantástico e o melhor gajo do mundo. Por isso fechei os olhos. E não vi quando as mãos lhe escorreram para o decote da secretária, não vi quando se sentaram os dois no sofá do fundo, nem vi quando saíram junto e apanharam o mesmo táxi.
Não vi, mas agora já não sei se não devia ter visto. No dia seguinte fui jantar com a Joana e não contei nada, porque não havia nada para contar, porque afinal não tinha visto nada. Mas não sei é como é que há-de ser da próxima vez que ele me aparecer à frente. Porque me vai apetecer tirar-lhe da cara o ar de chefe-que-não-parte-um-prato, mas sei que o melhor é não fazer nada. Porque, já dizia a minha avó, entre marido e mulher não se mete a colher, e porque era capaz de apostar que ela não havia de acreditar em mim, que cairia que nem uma patinha na versão dele da noite e que perdia mais uma amiga das poucas que ainda me restam dos tempos da faculdade.
Não vi, mas agora já não sei se não devia ter visto. No dia seguinte fui jantar com a Joana e não contei nada, porque não havia nada para contar, porque afinal não tinha visto nada. Mas não sei é como é que há-de ser da próxima vez que ele me aparecer à frente. Porque me vai apetecer tirar-lhe da cara o ar de chefe-que-não-parte-um-prato, mas sei que o melhor é não fazer nada. Porque, já dizia a minha avó, entre marido e mulher não se mete a colher, e porque era capaz de apostar que ela não havia de acreditar em mim, que cairia que nem uma patinha na versão dele da noite e que perdia mais uma amiga das poucas que ainda me restam dos tempos da faculdade.
26 Comments:
Do not kill the messenger... :(
Please, don't kill the messenger...
Dilemas... também não sei se diria!
É difícil. Não sei o que faria. E, pior do que isso, se me ponho no lugar da "traída" também não sei se gostaria que mo contassem...Dizem que o pior cego é o que não quer ver, mas eu me pergunto: já não é ruim demais ser-se cego?
Eu começava por perguntar se tinha acontecido alguma coisa.
ahahahahahahahahahahah!
Tóquio? meu Deus! Ainda há quem vá ao Tóquio?! Contudo, a estória é deliciosa!... e a narrativa bem viva!
Acho que me calava... muito caladinhO!
claro que há quem vá ao Tóquio! e está melhor do que nunca! :)
Ainda bem que não viste nada...;)
Há muito boa gente que vai ao Tóquio. Quase todas as semanas, junto ao espelho maravilhoso do fundo da sala, ao som do "Elevador da Glória".
Xiiiu...deixa eles lá são felizes à sua maneira....
Nem sempre as nossas verdades, são as verdades dos outros....
Talvez ele até saiba que ele não é assim tão maravilhoso, nem tão fantástico...
Xiiiu...deixa eles lá são felizes à sua maneira....
Nem sempre as nossas verdades, são as verdades dos outros....
Talvez ele até saiba que ele não é assim tão maravilhoso, nem tão fantástico...
Xiiiu...deixa, eles lá são felizes à sua maneira....
Nem sempre as nossas verdades, são as verdades dos outros....
Talvez ela até saiba que ele não é assim tão maravilhoso, nem tão fantástico...
Xiiiu...deixa, eles lá são felizes à sua maneira....
Nem sempre as nossas verdades, são as verdades dos outros....
Talvez ela até saiba que ele não é assim tão maravilhoso, nem tão fantástico...
é dificil decidir mas eu nestas merdas ponho me sempre no lugar da enganada e só penso: fazer papel de otária é q n, prefiro saber e pronto. faz o q gostarias q fizessem ctg, se é que isto é mais do q uma história.
anyways tá mt bem escrito
Sábia decisão, essa de não ver o que não se quer... mais sábia ainda a de ficar calada pois nem todas as amigas gostam que saibamos mais que elas acerca do namorado-marido. Repito, sábia ( mas não saborosa) decisão.
Eu dizia-lhe: "Ou dizes tu ou digo" eu! - Ao fim ao cabo os homens protegem-se sempre e continuam a ser os santos porque ninguém nunca se quer meter e eu acredito na amizade das minhas amigas. As milheres têm que ser mais unidas! Beijos
Quem já não teve desses dilemas?Apetece dizer a verdade mas o medo de magoar ou de perder um/a amigo/a acaba por calar-nos...
Olá!
Venho desejar Boas Festas e um 2007 cheio de sucessos, surpresas boas e sonhos concretizados!
Bjs
passei p te desejar um excelente 2007. ler-te é sempre um prazer.
bjs
Já desisti de perder amigas assim. Vai doer um pouco quando ela descobrir e tu pensares que lho podias ter dito antes... mas não podias, porque ela não ia ouvir. Faz de conta que lhes deste um presente de Natal!
Eu acho que não há nada a contar! Jantares de Natal, toda a gente tem... E se fosses tu que tivesses bebido demais, gostavas que fossem contar à tua cara metade? Eu cá (deve ser de viver em França), defendo o lema: vive e deixa viver. E acho que essas coisas acontecem quando têm de acontecer e só têm a importância que cada um lhe dá. Eu, pessoalmente, não dou! Se fosse o meu homem com a secretária, a única coisa que lhe diria era: "Espero que tenhas usado camisinha". ;-)
Bom ano. Gostei do blog. (E que saudades do Tóquio!!)
Pois, dilema complicado!!! Estas histórias!!!! Uma pessoa nunca sabe bem como agir!
Um bom ano!
não há dilema nem amizade
Deixei-te um desafio no Terra de Sol. A blogosfera tem destas coisas e gostávamos mesmo de saber as manias de quem sabe escrever histórias como ningém.
Bom Ano!
Bom ano novo a todos e obrigada pelas visitas e pelos comentários.
MCM: obrigada pelos simpáticos elogios, quem me dera que fosse mesmo assim :)
vou tratar de responder ao teu desafio, mas por aqui, ok?
cinco manias:
1ª exigir a mim própria a perfeição, até que me dá a preguiça e durante um tempo deixo de lado todos os meus projectos...
2ª exigir dos outros a perfeição (felizmente esta dá-me poucas vezes e normalmente acordo poucos minutos depois...)
3ª ter a cozinha sempre arrumada, mesmo enquanto faço um jantar para dez pessoas (esta é normalmente uma fonte de conflitos com o outro habitante cá de casa, que não é capaz de fritar um ovo sem tirar os tachos todos do armário)
4ª coleccionar malas e carteiras (não resisto, não sou capaz, pronto!!)
5ª trazer para casa todos os livros que me vêm parar à mão, mais os que compro sempre que ponho os pés numa livraria (esta está muito a par com a 4ª)
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