34 anos
Foi preciso chegar aos 34 anos para dar uma queca. Eu, que dantes nem a palavra era capaz de dizer, porque me soava mal. Foi preciso chegar aos 34 anos e, mesmo assim, na altura nem percebi muito bem o que me estava a acontecer.
Uma Cidade nova, um quarto de hotel, uma cama com dossel e lençois de cetim, um homem e muitos meses sem ter ninguém, depois de um amor desfeito numa estação de comboios, num único adeus a cheirar a filme de quinta categoria. Na altura não pensei nisso, mas os ingredientes estavam lá todos e nem me lembrei que mal o conhecia, que ele mal me conhecia a mim e que pouco tempo antes achava que nunca na vida seria capaz de ter nada com ele.
Mas uma rapariga não é de ferro, por isso, quando dei por mim, lá estava, a acordar ao lado dele, de cabelos desgrenhados e olhos ramelosos, como se sempre tivesse sido assim.
Depois foi o regresso. Os passeios pela Cidade nova substuídos pelo caminho diário para o barco, depois para o metro, depois para o trabalho e depois novamente para casa. O almoço a correr, o chefe a resmungar, o cão em casa, para levar a passear. E o telefone que não voltou a tocar, apesar das horas intermináveis a olhar para ele e rezar a todos os santinhos para que soasse a Missão Impossível, a música imbecil que, vá-se lá saber porquê, me deu para associar ao número dele.
E hoje acordei e percebi tudo. Percebi que foi preciso chegar aos 34 anos para dar uma queca, porque foi só isso, ainda que na altura me passasse pela cabeça que estava apaixonada, que aquilo era o princípio de alguma coisa e que daí a muitos anos haviamos de voltar à Cidade, a comemorar o dia em que tudo começou.
O telefone ainda não voltou a tocar a Missão Impossível dentro da minha mala e a vida continua por aqui, igual ao que era dantes. Não morri um bocadinho por dentro, como sempre pensei que me aconteceria se algum dia fosse para a cama com alguém que não amasse apaixonadamente, mas a Cidade há-de ficar para sempre ligada a esta lembrança. Ele, provavelmente, já nem se lembra.
Uma Cidade nova, um quarto de hotel, uma cama com dossel e lençois de cetim, um homem e muitos meses sem ter ninguém, depois de um amor desfeito numa estação de comboios, num único adeus a cheirar a filme de quinta categoria. Na altura não pensei nisso, mas os ingredientes estavam lá todos e nem me lembrei que mal o conhecia, que ele mal me conhecia a mim e que pouco tempo antes achava que nunca na vida seria capaz de ter nada com ele.
Mas uma rapariga não é de ferro, por isso, quando dei por mim, lá estava, a acordar ao lado dele, de cabelos desgrenhados e olhos ramelosos, como se sempre tivesse sido assim.
Depois foi o regresso. Os passeios pela Cidade nova substuídos pelo caminho diário para o barco, depois para o metro, depois para o trabalho e depois novamente para casa. O almoço a correr, o chefe a resmungar, o cão em casa, para levar a passear. E o telefone que não voltou a tocar, apesar das horas intermináveis a olhar para ele e rezar a todos os santinhos para que soasse a Missão Impossível, a música imbecil que, vá-se lá saber porquê, me deu para associar ao número dele.
E hoje acordei e percebi tudo. Percebi que foi preciso chegar aos 34 anos para dar uma queca, porque foi só isso, ainda que na altura me passasse pela cabeça que estava apaixonada, que aquilo era o princípio de alguma coisa e que daí a muitos anos haviamos de voltar à Cidade, a comemorar o dia em que tudo começou.
O telefone ainda não voltou a tocar a Missão Impossível dentro da minha mala e a vida continua por aqui, igual ao que era dantes. Não morri um bocadinho por dentro, como sempre pensei que me aconteceria se algum dia fosse para a cama com alguém que não amasse apaixonadamente, mas a Cidade há-de ficar para sempre ligada a esta lembrança. Ele, provavelmente, já nem se lembra.
14 Comments:
Muito bom!
Mais um aplauso! :)
cama de dossel?? lençóis de cetim?? isso não é uma queca qualquer... foi a primeira que deu, mas pelos vistos foi de luxo!
ora ora...
welcome back TGV...
:-)
Estava á espera da tua nova histótia. Boa como sempre. Gosto sempre mto de te ler! E obrigada pelos parabéns!
acho que isso que você chama de "queca" deve ser o que chamamos de "dar uma rapidinha". Tem seus encantos! Nem tudo é paixão nesta vida. Tem os amorzinhos, os namoricos, as paqueradas e as rapidinhas..:)
clap!clap!clap! estava a ver que nunca mais vinhas para nos prenderes com essas estórias, esses estereótipos, quais exemplos de tantas vidas! Obrigada, querida! beijoca
Tanto tempo para nos fazer o gosto ao dente...sim porque aqui já há um honroso grupo de espectantes leitores das tuas coisas..
Não nos deixes sofrer portanta espera!! Beijos gostei muito.:)
Marina
Ah, voltaste! Bela história...como sempre! :)
Mais uma visitante satisfeita:)!!
As tuas histórias são sempre tão certas, directas e bem escritas..um verdadeiro prazer de leitura.
Beijinhos
:-)
Boa história! :)
obrigada pelos mimos :)
muito giro, mesmo...
Muitas pessoas fazem desta a estória da sua própria vida.
Parabéns.
A próxima....por favor.
Um admirador convicto a partir de hoje
Enviar um comentário
<< Home