Magnum
Deixei-me ficar, parada na porta, com o gelado a derreter na mão, gotas de açúcar a escorrerem, lágrimas a caírem-me pela cara, incapaz de perceber como é que aquilo me tinha escapado e como é que o Henrique tinha sido capaz de esconder que andava com a Mariana. Deixei-me ficar à entrada do escritório dele, onde tinha ido fazer-lhe uma surpresa e levar-lhe um Magnum, como costumava fazer antes, quando ele ainda não tinha sido promovido e ainda tinhamos tempo para namorar. Deixei-me ficar, incapaz de dizer fosse o que fosse, a vê-lo a passar-lhe as mãos pelos cabelos, a dizer-lhe qualquer coisa que não sei o quê, se calhar o mesmo que à noite me costumava dizer a mim, que sentia a minha falta, que eu era única para ele.
Depois desapareci dali. E já não voltei para o trabalho, porque não sei como hei-de enfrentar o João que de certeza há muito sabia que o meu marido andava a dormir com a mulher dele. Não voltei, mas sei que um dia destes tenho que voltar. Porque a vida continua e porque tenho de agradecer ao João a atenção com que me tratou nos últimos tempos. A antecipar, muito provavelmente, aquilo que agora estou a sentir, mas com a delicadeza de me deixar descobrir sozinha.
E agora que descobri, a única coisa que me ocorre é que o amor pode ser como aquele infantil e estúpido gelado.
Depois desapareci dali. E já não voltei para o trabalho, porque não sei como hei-de enfrentar o João que de certeza há muito sabia que o meu marido andava a dormir com a mulher dele. Não voltei, mas sei que um dia destes tenho que voltar. Porque a vida continua e porque tenho de agradecer ao João a atenção com que me tratou nos últimos tempos. A antecipar, muito provavelmente, aquilo que agora estou a sentir, mas com a delicadeza de me deixar descobrir sozinha.
E agora que descobri, a única coisa que me ocorre é que o amor pode ser como aquele infantil e estúpido gelado.
8 Comments:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
belo capítulo, crú e nú, mas resultou muito bem.
agora alguém tem que consolar a rapariga que neste momento deve estar em estado de choque.
doi muito vêr uma coisa dessas,vá lá que não lhe deu com a jarra na cabeça.
vou ficar á espera da continuação,
estas short stories são muito boas.
muito bom "desfecho".
cada vez mais me prendes nas tuas histórias, nas continuações, desfechos ou não. um beijinho
Gostei de saber que a verdade vem sempre ao de cima! Mas fica assim? Ela não o confronta com o que viu?
Já estou esperando o próximo capítulo. Agora só fico pensando quando o João e ela vão se encontrar.
Clap!Clap!Clap! fantástico capítulo! Óptima conclusão, rica jóia! Beijão
Enviar um comentário
<< Home