segunda-feira, maio 23, 2005

Podíamos ver-nos mais vezes...

O homem sorri, meio tímido, meio curioso, inesperadamente diferente do que se esperaria de um tipo com mais de 40 anos, que já não é suposto ter os receios de um miudo de quinze que pela primeira vez convida a colega da escola para ir ao cinema. Sorri e segura-lhe no braço. Não diz nada, mas também não a deixa ir embora. São três da manhã e os seguranças da discoteca olham para a cena com ar divertido. Imagiam, provavelmente que será um casal de namorados e que ele quer apenas convence-la a ficar mais um pouco, tal é a intimidade com que lhe segura no braço e depois lhe agarra a mão. Ela espera, perguntas nos olhos, e, finalmente, tudo o que sai é um "podiamos ver-nos mais vezes". Não lhe pediu o número de telefone, não a convidou para sair, nada, só este "podíamos ver-nos mais vezes". E ela, muito despachada, "claro que sim, havemos de ver-nos mais vezes, afinal para o ano a Ju faz anos outra vez e volta a convidar-nos. Agora é que tenho mesmo que me ir embora". O homem foi para casa acabar com o resto da garrafa de Jameson, amaldiçoando a raça feminina que acha que eles aguentam tudo e se esquece que também têm medos e inseguranças e essas merdas todas. Cruéis como o caraças quando não estão para aí viradas. E esta nem é nada de jeito, que raio! Quem é que ela pensa que é?