domingo, fevereiro 06, 2005

Sinais

Numa semana, visita a duas cidades que num momento da história ainda recente foram devastadas pela Guerra: Dubrovnik e Berlim. As marcas parecem ter desaparecido por completo, mas depois, quando olhamos bem, estão lá, vivas, latentes, como feridas que sararam mas continuam a doer. Não, não é exagero. Em ambas as cidades, cada uma à sua dimensão, há sinais mais ou menos disfarçados de conflitos estúpidos, irracionais como o são todas as guerras, que tudo deitaram por terra.

Em DUBROVNIK, a pérola do Adriático, a cidade velha foi toda reconstruída com apoios da Unesco. Está linda como dantes, mas de uma beleza limpa, branca, quase fantasmagórica, de tão novos que são os edifícios antigos. As pessoas caminham pelas ruas, no dia-a-dia habitual, mas as lembranças estão lá. Um homem que parece saído de um filme de Kusturika recebe os turistas com a maior das simpatias mas quando lhe perguntamos pelos tempos da guerra lança-se num discurso infindável e perturbado sobre o ano em que a sua cidade foi bombardeada e ele, com pouco mais de vinte anos, se viu mergulhado num inferno onde tinha de matar para não ser morto.



Posted by Hello

Em BERLIM, a belíssima capital alemã, as obras continuam, meio século depois do fim da guerra. Também aqui todos os edifícios foram reconstruídos. À escala alemã, os velhos monumentos voltaram à vida, milimetricamente iguais, como se nunca tivessem sido bomardeados. Das Portas de Bradenburg a guerra deixou apenas as estátuas dos cavalos que lá de cima espreitavam Berlim Leste, mas o que vemos agora são as velhas portas da cidade, lindas e cheias de simbolismo. Uma mulher ainda jovem conta que das visitas de estudo das escolas constam obrigatórias visitas aos velhos campos de concentração à volta da cidade. Porque há memórias que não podem ser apagadas, tragédias que não podem ser esquecidas. Nem repetir-se...


Posted by Hello

Apesar da beleza de ambas as cidades, não há como ficar indiferente. A estupidez do Homem não tem limites. Vale-nos a nossa capacidade de sobrevivência.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Fico sempre fascinada com a Europa em quaisquer dos seus aspectos.. Tenho cada vez mais pena de não viajar... Quem sabe um dia..Marina

3:51 da tarde  

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