domingo, dezembro 19, 2004

Sondagem - conclusões

Ninguém gosta de ser trocado. Está tudo dito. Grande conclusão, dirão vocês. Pois é. De facto não era preciso fazer sondagem nenhuma para se chegar a esse brilhante resultado. Já todos sabemos disso. Porém, tenho de fazer aqui um mea culpa. Provavelmente incorri no mesmo erro que os nossos ilustres ex-deputados quando formularam a pergunta para o referendo sobre a Constituição Europeia, só que ao contrário.

Eu explico. A questão era demasiado básica e o que importava era o que estava para além dela. Se não, vejamos:

Ninguém gosta de ser trocado, está bem, mas ser trocada por uma mulher é daquelas coisas que acontecem. A malta chora baba e ranho, lança 324 pragas à galdéria que nos roubou o homem, pensamos seriamente em lhe arrancar todos os cabelos, ponderamos a possibilidade de uma vingança terrível e choramos novamente baba e ranho - dependendo de cada uma, este processo pode durar apenas uns minutos, vários dias ou até meses. Depois recuperamos a lucidez e e concluímos que a culpa foi toda do gajo, que nos andou a enganar e que é um belo filho da puta, sem ofensa para a mãezinha, que pode até ser muito simpática mas que, na maioria das vezes é uma chata de todo o tamanho. Nos casos mais raros, a lucidez, duramente alcaçada, permite-nos concluir que provavelmente foi apenas o amor que acabou, que a vida é assim mesmo e que daí a uns tempos vamos descobrir que foi o melhor que nos podia ter acontecido.

Já ser trocada por um gajo é completamente diferente. Não tenho nada contra os homosexuais, homens ou mulheres (não é para ser politicamente correcta, não tenho mesmo!), mas doi muito mais. É no mínimo chato descobrirmos que o homem das nossas vidas, como quem fomos para a cama, com quem partilhámos o shampô e o gel de banho, afinal é gay. Confunde o juízo constatarmos que não fomos capazes de descobrir os sinais e que o gajo nem sequer foi honesto quando, entre os leçóis, trocámos informações sobre as nossas fantasias sexuais. E não me venham dizer que um homem decide que é gay porque se lhe acende um interruptor qualquer (lamento, Tay, mas não posso concordar com essa tua teoria). Pode ser que resolva assumir-se ou que arranje finalmente coragem para admitir para si próprio que gosta mais de homens do que de mulheres, mas os sinais estavam já lá e nós não conseguimos dar com eles. Essa merda é chata. Se uma mulher deixa de poder confiar na sua intuição, então está tudo perdido.

Considerando tudo isto, o T&V mantém a sua teoria: A ser trocada, então que seja por uma mulher. De preferência uma loira falsa, cheia de celulite e que não não consiga articular duas frases seguidas. E se por acaso for uma toda gira e hiper inteligente, do mal o menos: sempre poderemos dizes que o gajo mantém o bom gosto embora, naturalmente, tenha baixado a fasquia.

Já quanto ao resultado da sondagem, depois de aplicados os mais rigorosos métodos estatísticos, somos obrigados a concluir que a maioria dos(as) leitores(as) se pronunciou em sentido oposto, afirmando que se tiver de ser, então que seja por um homem, porque é sinal que lhe dá alguma coisa que nós mulheres não podemos dar. Com o devido respeito pelas opiniões alheias, o T&V lembra que se for uma mulher podemos concluir exactamente o mesmo, ainda que a "coisa" em questão possa ser outra.

(P.S.: Querida Ciranda: Sendo este um blog sobre histórias no feminino onde qualquer semelhança com a realidade não será pura coincidência, a questão é importante, sim senhora. E dou-te um exemplo. Estava eu num almoço de gajas onde o assunto foi discutido e, no meio de um grupo unânime em preferir a versão "ser trocada por um gajo", ouviu-se uma vozinha à beira das lágrimas a dizer para a audiência: "Vocês não sabem o que dizem. Ser trocada por uma mulher é doloroso à brava, sobretudo quando o cabrão do homem vem dizer 'querida, aquilo não significou nada, foi só cama, porque é a ti que eu amo e amarei até ao fim dos meus dias'." Comentários para quê?...)

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bom… eu gostava de te congratular por este excelente trabalho de pesquisa! Acho que a Universidade Católica tinha muito a ganhar, e muitos erros poupava, se pudesse contar com a qualidade dos teus serviços…! ;)
Obviamente eu não fiquei surpreendido pelo resultado. E a chave da questão está precisamente na última frase do teu post… A congénita competitividade feminina! É que a “coisa” é realmente outra… ;p

Beijoca

Tay

3:06 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Se calhar sou eu q sou esquisita, mas essa escolha vocabular do "trocada" mete-me cá uma impressão. Mas alguém é trocada??? P'la mor de Deus..

1:40 da tarde  
Blogger C_de_Ciranda said...

Ora pois... Claro que é doloroso... Claro que é! Quem é que gosta de ser trocado? Perder-se alguém que se ama para outro alguém (seja homem ou mulher) é sempre doloroso. Ainda que haja quem depressa e bem consiga dar a volta por cima. Não contesto essa verdade.

Mas daí a ser interressante, ou não, a questão de se ser trocada por um homem ou mulher... Aí é que a coisa deixa precisamente de o ser. Se quiseres dizer deprimente, já concordo mais. Interessante é que não.

Acho, por exemplo, muito mais interessante explorar a questão do despeito feminino que vejo, muitas vezes, a mulher sentir, quando é "trocada" por uma outra pessoa - apesar de no fundo nem gostar assim tanto do dito cujo que a trocou... ;p Agrada-me mais o recôndito dos sentimentos humanos - principalmente o feminino :) Mas é apenas a minha opinião.

Beijocas, muitas, minha querida!

*** Ciranda

1:12 da manhã  

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