sexta-feira, outubro 22, 2004

As histórias do avô

As histórias que o avô contava terminavam sempre da mesma forma: "Casaram, tiveram muitos meninos e foram muito felizes. Ainda ontem passei lá por casa e os vi. Até me deram um par de sapatinhos, mas eram de manteiga e derreteram-se pelo caminho."

O avô alentejano, sentado à lareira nas noites compridas de inverno, foi quem lhe falou pela primeira vez de belos principes encantados, que montavam cavalos brancos velozes como o pensamento e que salvavam belas donzelas fechadas em torres escuras por bruxas feias e malvadas.

A menina cresceu à espera do seu principe e encontrou-o muitas vezes. Tinha sempre um rosto diferente, nunca trazia o cavalo branco, mas ela tinha a certeza de que o tinha encontrado. Até ao dia em que ele partia, deixando belas lembranças, porque as más não vale a pena guardá-las.

Um dia deixou de acreditar. Mas nunca esqueceu as histórias.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ora aí está!!! É isso mesmo!
Aliás, já lá diz o novo ditado : 'as mulheres hoje já não querem o príncipe encantado. Preferem o lobo mau, que as ouve melhor, as olha melhor e no final...'
esse é o melhor ponto de partida para a felicidade. Sem ilusões.
Um grande beijo
Gracinha

8:07 da manhã  
Blogger C_de_Ciranda said...

humm... Será mesmo?

Às vezes dou por mim a pensar que, de tanto escolher, de tanto ver, viver, conviver e conhecer tantas caras diferentes - sempre sem o cavalo -, nos fomos tornando mais e mais exigentes. Com a exigência vem a desilusão e, mais tarde, a pura ausência de qualquer tipo de ilusão...

E pergunto-me, será esse o caminho para a felicidade?...

;) Beijos às duas

*** Ciranda

2:13 da manhã  

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