sábado, abril 23, 2005

Pseudo-intelectuais

- Vai estrear um filme baseado num livro do Ian McEwan, O Fardo do Amor. Um livro fantástico!!
- Bela porcaria. É um escritor péssimo!
- O que já leste dele?
- Comecei a ler um livro, acho que era sobre árvores. Pelo menos a capa tinha umas árvores...
- Amsterdão?
- Talvez, sei lá. É literatura de cordel.
- O homem ganhou o Booker Prize for Fiction precisamente com esse livro...
- Quero lá saber. É mais um americano idiota.
- É inglês...
- Vai a dar ao mesmo. Eu só leio escritores a sério, como o Eça ou Shakespeare. Ou então a Bíblia.
-...

(Detesto pseudo-itelectuais-de-trazer-por-casa que passam a vida a achar que são os maiores e só dizem disparates. Não há paciência!)

Cadeia literária...

... é favor não quebrar!!

Há dias cheguei a casa da minha mãe e lá andava ela toda atarefada, de receita em punho,a preparar um bolo. A minha mãe é excelente cozinheira, portanto até aí nada de mais. Acontece que neste caso o bolo era... o bolo do padre Rossi. Nem mais, aquele padre cantadeiro, estão a ver? Pois a minha mãe tinha sido apanhada numa cadeia daquelas que é favor não quebrar, porque tinha sido inciada no Brasil há muito tempo e já tinha dado a volta ao mundo não sei quantas vezes e por aí fora. Tinha de fazer o belo do bolo e depois passar a receita a três amigas. Safei-me com muita habilidade, explicando que o forno cá de casa tem pouca prática nestas coisas, mas ofereci-me amavelmente para provar a iguaria, que por acaso não era nada má e desapareceu rapidamente.

A cadeia-do-bolo-do-padre-rossi foi das melhores que já vi até hoje. De resto, detesto cadeias. Detesto que me encham a caixa do correio com essas coisas a dizer que se não cumprir o que lá diz vou der dez anos de mau sexo, ficar gorda ou outra merda do género.

A cadeia literária que a Gracinha fez o favor de me impingir não é tão boa como a do bolo-do-padre-rossi, principalmente porque não dá lugar a lanche no fim, mas admito que também tem a sua piada (eu sou maluquinha por livros, já vos disse, não disse?), por isso cá vai:

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Um bem pequenininho, porque tinha de o decorar todo e não sou lá muito boa nisso. Acho que escolhia "A história da gaivota e do gato que a ensinou a voar", do Sepúlveda, que é uma pequena delícia.

Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Já. Muitas vezes. A primeira de que me lembro foi pelo Julio, dos livros dos Cinco da Enid Blyton. Achava que o homem, do alto dos seus 12 anos, devia de ser o máximo, lindo e maravilhoso. Tanto que li a colecção inteira aí umas dez vezes. Na verdade acho que fico sempre apanhada pelos personagens quando os livros são bons e me apaixonam realmente.

Qual foi o último livro que compraste?
"A Misteriosa chama da Rainha Loana", do Umberto Eco.

Qual o último livro que leste?
"Los Angeles", da Marion Keyes (excelente literatura de Metro). E antes o último do Gabriel Garcia Márquez, "Memórias das minhas Putas Tristes".

Que livros estás a ler?
Só leio um de cada vez. Antes de atacar o Eco, estou a terminar um policial da Donna Leon, "Na Senda do Crime".

Cinco livros que levarias para uma ilha deserta:
Está é difícil... Levaria mais do que cinco. Os do Gabriel Garcia Marquez, sem dúvida. A poesia do Carlos Drommond de Andrade. O Arturo Perez Reverte. O Javier Marias. Um ou outro do António Lobo Antunes. Os do Ian McEwan. Pronto, não consigo escolher só cinco. Impossível.

Três pessoas a quem vais passar este testemunho e porquê?
Esta também não é fácil, porque parece que já toda a gente da blogosfera entrou na bela da cadeia. Mas, porque sou curiosa, vamos arriscar, e os eleitos são: Magnólia, Rosa Shocking, Bekx , Sofia e Ideafix (inflacionei um bocadinho a coisa, mas não faz mal).

E nada de quebrarem a corrente...

terça-feira, abril 19, 2005

Viagem

Dentro de dias estarei aqui:


Posted by Hello

Enfim, era só um à parte...

sexta-feira, abril 15, 2005

Anúncio

Querida t&v:

Onde andam os homens deste mundo a quem podemos oferecer os nossos pêssegos, salvo seja, naturalmente, porque, vejo agora, essa metáfora que usaste na tua última história presta-se a algumas interpretações dúbias, mas enfim, adiante. Bom, dizia eu, ou perguntava, aliás, onde andam os homens deste mundo, esses que podem muito bem ser a metade que nos falta e que continuamos a procurar? Sim, porque as coisas lidas assim, como tu as escreves, parecem muito fáceis. E depois, na prática, bem, na prática, ao que tudo indica, não existem. Os homens, leia-se. Melhor dizendo, homens românticos, que não se importem de passar uma tarde inteira nas compras e acabar o dia a beber um gin tónico no bar do Hotel do Chiado, de mãos dadas a espreitar o rio; homens que saibam cozinhar, que não deixem os pelos da barba a entupir o lavatório da casa de banho; que aceitem com naturalidade aquele nosso massagista maravilhoso que as amigas andam todas a cobiçar; que nos amparem quando bebemos de mais naquelas noites em que vamos ao Jamaica e depois ainda nos levam um guronzan à cama quando acordamos na manhã seguinte; que aturam a nossa família e se riam quando o gato lá de casa lhes faz xixi nos documentos do trabalho porque anda na altura de marcar território... Enfim, os exemplos podiam continuar, mas acho que já percebeste o que quero dizer. Esta angústia persegue-me há uns tempos, desde que o Carlos saiu de casa e foi de férias com a ex-namorada, precisamente a mesma que andou a encornar nos nossos primeiros tempos de namoro. É um raio de uma angústia tão grande que já me levou a comprar três pares de sapatos novos só na última semana e a investir um balurdio numa incrição num ginásio, porque entretanto descobri que estou cheia de celulite nos braços e meti na cabeça que esse é o primeiro sinal de velhice. Isto já para não falar do cheque que deixei ontem no cabeleireiro para sair de lá com umas belíssimas nuances e depois ir direitinha para casa sentar-me sózinha em frente à televisão. Bom, mas já estou a falar, quero dizer, a escrever demais. Tenho lido o teu blog e lembrei-me de te sugerir que lá escrevesses um pequeno anúncio em meu nome. Sei que é visitado diariamente por várias centenas de fiéis leitores e talvez um deles seja a minha outra metade, a mesma que, sem o saber, está por aí, à espera dos belos dos pêssegos (a metáfora ficou-me mesmo na cabeça...).

Obrigada pela tua ajuda e fico à espera da resposta. Ou das respostas, quem sabe. O Anúncio segue em anexo.


Minha boa amiga:

Podia dizer-te que esperasses calmamente, que continuasses a investir em sapatos (este Verão são maravilhosos, que eu própria já andei a investigar as novas tendências) e em muitas idas ao ginásio e ao cabeleireiro (já agora, celulite nos braços não é nenhum drama, acontece às melhores, acredita) - dizem que o exercício físico é do melhor e não há como mudar de penteado para nos sentirmos como novas. Apesar de tudo isso, não te vou dizer que em breve encontrarás a tua cara metade porque, lamentavelmente, a bola de cristal cá de casa não tem andado a funcionar muito bem nos últimos tempos, mas farei o que me pedes. Palpita-me que exageraste um pouco quando te referiste ao elevado número de leitores deste blog, mas, ainda assim, publicarei com muito prazer o pequeno texto que me envias.
Um abraço e não desesperes. Se entretanto nada acontecer, podes sempre tirar umas férias e passar uns tempos a viajar. Ou podes dedicar-te à pesca. Ou à cozinha e ao ponto de cruz. Ou então podes mesmo investir na escrita e publicar um romance. Sim, esta parece-me uma óptima ideia. Vê só o sucesso que teve a nossa querida Margarida Rebelo Pinto com aquelas suas histórias delicodoces. Mas nisso pensarás depois, em caso de desespero último e absoluto. Por agora, o meu conselho é que esqueças o idiota do Carlos e invistas numas noites bem passadas no Jamaica, que a música ajuda a limpar a alma (desde que não abuses do Jameson que lá vendem, que é fabricado em qualquer sítio menos na Irlanda).



ANÚNCIO
Se és jovem (a idade é uma coisa relativa, claro), bem parecido (alto, espadaúdo, olhos verdes...), livre e desimpedido (ou desiludido com a actual relação),
se gostas de assistir ao pôr-do-sol na esplanada da Graça e completaste o ensino secundário,
não negues à partida uma ciência que não conheces.
Acredita: o amor existe e não foi nenhuma invenção de Hollyood ou do Paulo Coelho.
Não desistas porque lá fora há alguém que espera por ti.
Se tens coragem para enfrentar a realidade, vai em frente:
larga o computador e deixa de perder tempo a ler blogues idiotas.
Atreve-te e luta pela felicidade,
porque há alguém que tem pêssegos para te oferecer.
Repostas a este blog
(assinatura ilegível)

segunda-feira, abril 11, 2005

Três pessegos e um amor

Saí de casa com três pessegos e encontrei o amor. Não esperava, porque essas coisas acontecem quando não as esperamos e nem tal coisa me passava pela cabeça. Muito menos ainda pela do meu namorado de há cinco anos, meu colega da escola, vizinho, adorado pelos meus pais que por sua vez eram amigos dos dele. Só nos faltava encontrar um emprego para finalmente marcar o casamento e assim teria sido se não fosse naquele dia eu ter saído de casa com três pêssegos na mão. Porque mal pus o pé fora de casa encontrei o Joseph, que não via há anos, e parei para falar com ele. Com ele e com o Iuri, que o acompanhava e que eu não conhecia de lado nenhum. Não me lembro da conversa, nem do dia, nem do tempo que fazia. Só me lembro dos olhos do Iuri e dos pêssegos que tinha na mão porque sem pensar sequer no que estava a fazer, estendi um ao Joseph e dois ao amigo. Nessa noite acabei o namoro-quase-noivado e fiquei à espera que o Iuri voltasse, porque tinha a certeza que sim, que voltaria e que ficaria comigo porque era a parte que me faltava e que tinha acabado de encontrar. Voltou e continuamos juntos passados mais de 12 anos. Juntos viajámos milhares de quilómetros para chegar a esta terra onde agora somos felizes. Juntos. Como os dois pêssegos do nosso primeiro encontro.

(p.s. tens razão, Gracinha: o "clique" (às vezes) não falha...)

terça-feira, abril 05, 2005

Sugestão de leitura

Aos 90 anos, um homem encontra o amor. Um amor muito especial, muito pouco convencional, mas de uma beleza e de uma ternura extraordinárias. Desmentindo a tese de que "a força invencível que impulsionou o mundo não são os amores felizes mas os contrariados"


 Posted by Hello

Memória das minhas putas tristes
Uma pequena novela no estilo sublime de Gabriel García Márquez.
De leitura compulsiva.

Amigos

Os melhores do mundo. Comem as minhas plantas mas aturam todas as minhas neuras e faltas de inspiração sem reclamar. Uns cridos.


Posted by Hello

domingo, abril 03, 2005

Impossível...

... ficar indiferente à vida e à morte de Karol Wojtyla. Foi o Papa da minha infância e da minha juventude e aprendi a gostar dele, apesar de também, muitas vezes me ter desiludido com as posições demasiado conservadoras de que não pôde ou não quis libertar-se. Não é altura para falar dos problemas e defeitos (graves) da instituição, mas para homenagear o homem que tanto fez na tentativa de aproximar os povos. Shalom, João Paulo II...

Férias


 Posted by Hello

Oito dias no Alentejo.
Várias tardes no campo.
Dois livros e meio.
Um cinema.
Dois vídeos.
Zero cigarros.
Dois cafés.
Três rápidas passagens pela Net.
Zero jornais (esta custou um bocado, mas só no início).
Largas quantidades não contabilizadas de comida-da-mãe.
Alguns quilos a mais ainda não contabilizados mas já claramente visiveis no rabo.
Doze horas de sono por dia.
Zero horas no ginásio.

Nada mau, apesar dos quilos a mais no rabo e da carga de trabalhos que vai ser voltar a acordar todos os dias às oito.